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ARTIGOS/OPINIÃO

Empreender em plena pandemia: ousadia ou loucura?

Loucura, uns dirão, rapidamente. Ousadia, dirão os entusiastas. A verdade é que... bem, cada caso é um caso. Que pode ser também - com licença para o trocadilho - um “case”. Empreender por si só, é como dar um passo de fé. Naturalmente, abrir um negócio exige coragem, ousadia e um senso de propósito queimando no coração. Esses são apenas os ingredientes iniciais para tirar do papel o tão sonhado projeto de empresa. Mas e como fica tudo isso em meio à pandemia? De fato, é preciso uma dose extra de fé, além é claro, de fazer o dever de casa de todo bom empreendedor: planejar, orçar, estudar, e estudar mais um pouco.

Nós, mulheres, estamos à frente nesse processo. Uma pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), ratifica a minha afirmação. O levantamento feito no segundo semestre do ano passado, no auge da pandemia, mostrou que as empreendedoras foram mais ágeis na hora de implementar inovações em suas empresas.

Segundo a pesquisa, 71% das mulheres usam as redes sociais, aplicativos e a internet para vender seus produtos e serviços. Em contrapartida, só 63% dos homens usam essas ferramentas. 

A vantagem feminina também permanece quando analisado o uso de delivery e as mudanças feitas nos produtos e serviços das empresas. As entregas foram implementadas em 19% dos negócios administrados por mulheres e 14% nos dos homens.

 

Em relação à inovação, 11% das empreendedoras disseram ter inovado em seus negócios durante a crise, enquanto somente 7% dos homens declararam ter feito alguma mudança nesse sentido.

Como profissional autônoma, sofri, assim como todos os brasileiros, o baque causado pela pandemia. Apesar disso, vi nesse período, uma oportunidade para colocar em prática um sonho antigo: abrir meu próprio negócio. Acredito que empreender exija coragem em qualquer época, mas o principal inimigo de quem quer seguir por este caminho é o medo de tentar.

Empreender não é, como muitos pensam, um tiro no escuro. Há sim, muitas incertezas, mas nenhuma delas suplanta a vontade de trabalhar em um projeto que você pode chamar de seu. E a crise sanitária? Bem, ela serviu para dar um empurrão (daqueles bruscos e violentos) naqueles que já tinham essa vontade, mas faltavam-lhes coragem. Para os que nunca haviam pensado nessa ideia, o incentivo veio da necessidade em buscar outra forma de ganhar dinheiro. Para se ter uma ideia, no ano passado foram abertas 1,4 milhão de empresas MEI’s (Microempreendedores Individuais). De acordo com o Sebrae, esse é o maior número de abertura de novas empresas desse porte até hoje.

As Pequenas Empresas e Empresas de Pequeno Porte são responsáveis pela maior fatia de geração de empregos do país. A retomada desses negócios, ou a criação (bem sucedida de novos) significa, literalmente, a volta do potencial de empregabilidade do país. Claro, isso se dará de forma gradativa. É preciso que o poder público apoie o microempreendedor, que desburocratize (até a palavra é burocrática para escrever) a liberação de linhas de crédito especiais para esse público, e que adote políticas públicas mais liberais que favoreçam quem quer abrir seu próprio negócio. Os tempos são difíceis, mas empreender nunca foi fácil. Já diz o ditado americano: “No Pain, no Gain”, ou, na versão tupiniquim: “Sem esforço, sem ganho”. Desejo boa sorte a todos os loucos e/ou, ousados, como eu.